sexta-feira, 17 de abril de 2015

Inexplicado


Vejo-me transpassar por um lugar muito mais além,
carrego dentro mim, uma virtude e um fardo,
que me faz sentir estar e não mais ser, aquém
o que eu era com o que hoje sou. Mantenho guardado.

"O que são palavras se você não acredita nelas",
o que são escolhas se não simples escolhas,
que trajetam um caminho de diversas aquarelas,
fazem da vida volátil, frágil, simples, bela.

A vida é muito simples, não confundir com fácil,
é como o sentimento, que não é inexplicável,
é um regente, plano, translúcido e retrátil,
é algo ao mesmo tempo mutável e imutável.

Vejo-me transpassar por um lugar...
Vejo-me em paralelas que no infinito..
se cruzam...me mostram o universo...
fecho os olhos... e vejo o mesmo lar...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Rir e chorar

É que as vezes o vento sopra
e não condiz com a direção,
se confunde e dá meia volta
Em uma profunda imensidão.

Que infortúnio é essa tristeza
que no sussurro se prende e esguia,
quando deseja, és fortaleza vazia
e logo peleja e se mostra fraqueza.

És essência dessa tal felicidade.
Andam de mãos dadas, sem dificuldade
por uma estrada sem nenhum lugar.

É que as vezes eu peço ao vento
um lugar isento pro meu desavento
pro riso e o choro chamarem de lar.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Tempo

Antes fosse
antes fosse o tempo
eu escutava o som que o ponteiro fazia
antes fosse o tempo
se o tempo parasse hoje, eu nem notaria
antes fosse o tempo
que pudesse apagar o sentir que me importa
antes fosse o tempo
vorpal que a luz atravessa, penetra, corta
antes fosse o tempo
mas o ontem, o hoje e o amanhã já são iguais
antes fosse o tempo
que não para, não descansa, não retorna
antes fosse o tempo
mas não era, não é não será, não mais
antes fosse.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Paz

Paz, palavra branca, morna.
Traz consigo muita carga,
Traz consigo muita dor.

Paz, estrada longa, bonita.
Traz consigo esperança,
Traz consigo muito amor.

Paz, escrita tão tranquila,
falada tão conturbada
e feita és tão difícil.

Paz, caia mais fácil nesse rio,
traz um cobertor, me aquece do frio,
faz eu te chamar de paz.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Noite que acalma

Com um papel e uma caneta na mão,
rabisco contornando os dedos,
como desviando dos meus medos,
os traços formam um mero borrão.

Amasso o tal desenho, desamasso,
será tão difícil esse infortúnio?
meus olhos em total plenilúnio
não enxerga esse famigerado traço.

Relutando, deito e contemplo a lua.
Anoiteceu e minh'alma crua
brilha igual as pequenas estrelas.

Fecho os olhos e enxergo o rabisco,
do coração entendi esse cisco
que explodiu e virou centelhas.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Canções em sonhos e lembranças

Dedilhando alguns acordes no violão,
sonhei como jamais havia sonhado.
Pessoas, algumas, flores, um bocado.
Via tudo isso voando em um balão

E por um inevitável desespero por paz,
continuei nesse sono doce e profundo,
tentando colher uma flor lá no fundo...
tão fundo que nem um forte vento trás.

Mas é engraçado que a paz me veio
quando acordei, com um forte clarão,
dedilhando aquele violão, eu creio,

que senti uma sensação em meu peito,
aquela flor estava repousando no meio,
cantando, no fundo do meu coração

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Seleto

Podre de mim ovelha empobrecida,
essa alma cortada por navalha,
tecido fino de fraca malha
de uma esperança embevecida.

Carne decomposta de mentiras,
com o sangue frio faz sinergia,
faz da escuridão um novo dia
e da vida um bioma de heresias.

Com um ou dois passos fracos,
alcancei meu local sepulcral,
com uma pá cavei 7 palmos,

encontrei lá um alguém pra falar,
perguntei se a seleção natural
havia esquecido de me levar.