domingo, 21 de dezembro de 2014

Paz

Paz, palavra branca, morna.
Traz consigo muita carga,
Traz consigo muita dor.

Paz, estrada longa, bonita.
Traz consigo esperança,
Traz consigo muito amor.

Paz, escrita tão tranquila,
falada tão conturbada
e feita és tão difícil.

Paz, caia mais fácil nesse rio,
traz um cobertor, me aquece do frio,
faz eu te chamar de paz.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Noite que acalma

Com um papel e uma caneta na mão,
rabisco contornando os dedos,
como desviando dos meus medos,
os traços formam um mero borrão.

Amasso o tal desenho, desamasso,
será tão difícil esse infortúnio?
meus olhos em total plenilúnio
não enxerga esse famigerado traço.

Relutando, deito e contemplo a lua.
Anoiteceu e minh'alma crua
brilha igual as pequenas estrelas.

Fecho os olhos e enxergo o rabisco,
do coração entendi esse cisco
que explodiu e virou centelhas.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Canções em sonhos e lembranças

Dedilhando alguns acordes no violão,
sonhei como jamais havia sonhado.
Pessoas, algumas, flores, um bocado.
Via tudo isso voando em um balão

E por um inevitável desespero por paz,
continuei nesse sono doce e profundo,
tentando colher uma flor lá no fundo...
tão fundo que nem um forte vento trás.

Mas é engraçado que a paz me veio
quando acordei, com um forte clarão,
dedilhando aquele violão, eu creio,

que senti uma sensação em meu peito,
aquela flor estava repousando no meio,
cantando, no fundo do meu coração

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Seleto

Podre de mim ovelha empobrecida,
essa alma cortada por navalha,
tecido fino de fraca malha
de uma esperança embevecida.

Carne decomposta de mentiras,
com o sangue frio faz sinergia,
faz da escuridão um novo dia
e da vida um bioma de heresias.

Com um ou dois passos fracos,
alcancei meu local sepulcral,
com uma pá cavei 7 palmos,

encontrei lá um alguém pra falar,
perguntei se a seleção natural
havia esquecido de me levar.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Assento

Não bastam palavras para enxugar a dor,
porque a dor não se transforma em palavras.
Não bastam palavras para vetorizar a felicidade
porque felicidade se misturam às fábulas

Na vida nada se basta, porque não somos bastantes,
porque o bastante não se mede com lembranças.
Na vida nada se tem, porque não somos donos de si,
porque ser dono do que sente não é seguro.

A verdade, é que algumas vezes, a exceção da regra,
não há felicidade, dor, lembrança e força,
que preencha um coração despedaçado,
porque pedaços nem sempre são formatados.

A verdade, é que mesmo vivendo uma vida de pura alegria,
com dourados pomos, com lindos pássaros e muita magia,
há um pássaro que te faz ter 100% de uma tal sinergia,
que sem, quando se senta, olha pro lado e vê uma cadeira vazia.

sábado, 25 de outubro de 2014

Esquentou

Estava frio mas acordou, suspirou e levantou.
Andou até a sala, vestiu sua roupa e calçou seu sapato.
Sentou em sua mesa de jantar e ficou feliz.
Seu pote de café, sua bebida predileta, estava quente.
Tomou, em 3 grandes goles, fez uma oração qualquer e partiu.
Estrada densa, cheia de caminhos, não escolheu, apenas andou.
Olhou para cima, passarinhos, lembrou-se de um sonho que sonhou.
Mais a frente, uma chuva intensa, pisou em uma poça imensa, molhou.
Estrada intensa, saudade era imensa, e ali sentou.
Anoiteceu, as estrelas apareceram, observou.
Uma estrela brilhava, vibrante, determinada, apagou.
Sem conseguir encontrar uma trilha, soluçou.
Às cegas, uma estrada para lugar nenhum encontrou.
Olhou para baixo, pensou, chorou e pulou.
Caiu em cima de uma pedra, e na batida, sangrou.
Um vermelho, no rio, um imenso vazio, brotou.
Cansada, na beira do riacho, uma carta.
"Tomaria mais um gole de café", chorou...
Estava frio e não acordou, não suspirou, não levantou.
Tem uma roupa, uma mesa e um sapato, mofou.
Agora só resta um delicioso pote de café, não esfriou.

sábado, 18 de outubro de 2014

Felicidade

Quando em um belo dia falei
que a felicidade veemente, estaria,
nos pomos de uma árvore e, teria,
tanta distância de nós, pensei:

Que lutamos tanto para ser feliz
porque parece tão difícil sentir,
que felicidade não se pode fingir,
que é tão fácil como riscar com um giz-.

Não temos em si a felicidade,
não nos pertence mas podemos senti-la,
moldá-la como se molda uma argila,

mas deixamos ela lá do outro lado,
não vemos que estava tão perto
pois colocamos em outro quadrado.

domingo, 14 de setembro de 2014

Memories

I wonder if you still remember how we first met  ...and our many adventures... It all seemed like a dream... We ran like the wind during those warm, summer days... long ago... You were a piece of a star that fell from the sky... I can still relive the memories of those days long past... Just by closing my eyes like such, and whispering your name into the desolate night...?
"Chrono Cross"

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Incerto

Em um momento de pleno vácuo,
o vento bateu em minha porta
e a luz que na água entorta,
a minha lágrima era um alvo

Em outro momento descolorido,
a aquarela pintou-me só,
evaporou-se, virou pó,
como se nada tivesse acontecido.

E no último momento
Não me veio lamento,
me veio o acaso, o acontecimento.

Me veio a incerteza, a dúvida,
a dor e a angústia, me revirei,
por esperar o que nunca esperei.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Reflexo do tempo

Um belo dia me encontrei,
conversei e me conheci.
Descobri lacunas que em si
não tinham dobras, desdobrei.

Uma bela tarde respirei,
refleti, senti e percebi
que a preciosa vida em si
não tinha cortes, cortei.

Uma bela noite dormi,
descansei e não reparei
que pouco tempo vivi.

Lavo meu rosto, bocejo.
Olho em meus olhos, vejo,
que não vejo nada, morri.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Se

Se, fonema da nota musical,
feita ao acaso - palavra oculta,
imprevisível, a vida ela muta
toda a epifania lexical.

Se, participante do tempo,
compõe forma, cor, pensamento,
deriva a dor, sentimento,
integra alegria e momento.

Se, és parte de mim.
O som da sua música
estende em meus olhos,

penetra em meu peito
uma vida não viva
de um se que nunca será.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Lamento do tempo, sopro do vento

Se o vento forte fosse o tempo
ele iria rápido, sem volta
como um fio que da camisa se solta,
levaria de mim todo sofrimento.

Se o vento forte fosse o tempo
os segundos sempre seriam segundos,
sentido horário seriam horários
e o esquecimento cobriria o pensamento.

Mas o esquecer é simples demais
(mania do ser de deixar para trás),
prefiro encarar meu sentimento,
não afetado pelo tempo,

pois de culpa estarei isento.
Lembro que um dia me falaram que
"O amor é o mais nobre regente
e faz da vida o seu invento".